sexta-feira, julho 23, 2010

Exposição mostra como a indústria do fumo enganou as pessoas


Os painéis de fundo preto e letras brancas destacam os cartazes históricos coloridos que divulgam o cigarro como símbolo de status e saúde. Um deles traz a foto de um dos casais de maior sucesso em Hollywood: olhando para o marido Humphrey Bogart, Laurren Bacall diz que adora vê-lo fumar. As propagandas pró-tabagismo das décadas de 1930, 1940 e 1950 contrastam com a publicidade contemporânea, alertas impressionantes sobre os riscos que o cigarro provoca à saúde. Em várias reproduções da época, pretensos médicos de aspecto muito saudável fumam e divulgam resultados de testes pseudocientíficos, concluindo que determinada marca de cigarro era “muito menos irritante para o nariz e a garganta”. Inaugurada em 2007, na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e fruto de uma parceria com o Smithsonian Institution, a mostra Propagandas de cigarro: como a indústria do fumo enganou as pessoas percorreu várias cidades americanas antes de chegar ao Brasil. Aqui, foi montada pela Nova S/B e já ganhou versões em Brasília, São Paulo e no Rio de Janeiro -cidade em que agora está exposta no Castelo da Fiocruz.

Em dos cartazes da exposição, um certo dr. Batty`s ressalta as qualidades de um cigarro que traz alívio imediato para casos de asma, rinite, falta de ar e gripe. Era fácil esse tipo de publicidade, pois ainda não se sabia que danos à saúde o cigarro provocaria. Quem visitar a mostra vai ficar sabendo, por exemplo, que durante a 1ª Guerra Mundial, o cigarro foi distribuído aos soldados americanos, nas trincheiras. O general John J. Pershing, comandante da Força Expedicionária Americana na Europa, teria declarado que “para vencer a guerra precisamos de fumo como de balas”. Se na 1ª Guerra o cigarro saiu da clandestinidade e motivou atos de civismo, como doações ao Fundo de Tabaco para Nossos rapazes na França, pouco tempo depois a indústria tabagista conseguiu a proeza de transformá-lo em ícone da saúde e modernidade.

“Dê férias para sua garganta”, dizia um anúncio, como tantos outros que alardeavam os benefícios de um cigarrinho: “é natural”, “é refrescante”, “acalma os nervos”, “relaxa”. Em um dos painéis da exposição, o atleta mais famoso do beisebol americano, Babe Ruth, divulga outra marca famosa. E não foram poucos os ídolos do cinema que se destacaram como garotos propaganda das diversas fábricas: John Wayne, Frank Sinatra, James Stewart, John Crawford, Eva Gabor, Lauren Bacall e seu Humphrey. Até o Gordo e o Magro andaram por lá.

A exposição traz um conjunto de painéis com imagens fortes e texto informativo sobre o Dia Mundial sem tabaco (31 de maio). Este ano, o alvo da campanha é a mulher, pois é a este grupo que o marketing do tabaco tem se voltado ultimamente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 47% dos homens fumam, mundo afora, enquanto a parcela feminina de fumantes tem um índice bem menor, em torno de 12%.

Serviço
Local: sala 307 do Castelo da Fiocruz
Avenida Brasil 4.365, Manguinhos – Rio de Janeiro
Período: até 20/7, de terça a sexta-feira, de 9h às 16h30, e aos sábados de 10h às 16h

Fonte: Portal COC

Publicado em: 20/07/2010

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