domingo, novembro 08, 2009

PSICOTERAPIA

Sobre Psicoterapia

Os links que conduzem a este texto vêm ou da página "tratamentos" ou da página "prevenção" porque é exatamente assim que esse tipo de abordagem psicológica que se utiliza de um tipo particular de relacionamento entre duas pessoas, um terapeuta e um paciente, funciona na realidade.
Psicoterapia é o nome que se dá a um tratamento psicológico, porém, mais que isso, também é um método de investigação da personalidade, que contribui para a prevenção de muitas das doenças psicológicas. Por isso coloquei o acesso às considerações sobre ela, psicoterapia, vindo das duas páginas que tratam de assuntos aparentemente complementares.
Vou começar estas considerações, privilegiando a dimensão "prevenção" da psicoterapia, particularmente a que ocorre quando pessoas que não têm grandes sintomas incapacitantes, querem apenas se conhecer melhor, evitar adoecimentos, querem se utilizar do método para conseguir um melhor posicionamento na vida.
Através de algum processo psicoterapêutico é possível conhecer melhor seus próprios desejos e articulá-los de forma mais adequada, efetuando mudanças em uma série de atitudes. Isso pode ser conseguido de forma relativamente fácil e rápida, hoje em dia.
Antecipo que acho fundamental esse tipo de trabalho íntimo, fazer psicoterapia, para aqueles que se preocupam com adquirir melhor desenvolvimento pessoal que garanta a utilização de todo o potencial da personalidade na busca de uma melhor qualidade de vida.
Considero que fazer um tempo de psicoterapia, mesmo que não exista nenhum sintoma aparente, apenas com o objetivo de mapear um pouco melhor os próprios sentimentos e pensamentos é uma profilaxia psicológica, uma prevenção de eventual adoecer e deveria ser indicado a todos indiscriminadamente. Deveria até fazer parte do processo educacional, tamanho o benefício que ela pode trazer às pessoas em muitos níveis diferentes.
Chamamos de psicoterapia, qualquer método psicológico (que não utiliza remédios) de abordagem das desordens psíquicas ou corporais. São muito variados, têm utilidade e intenção diferentes.
Exemplos: o aconselhamento, a sugestão, a hipnose, a reeducação psicológica, a persuasão, a psicanálise.
A psicanálise
Esta é uma psicoterapia diferente das outras porque valoriza a interpretação do conflito inconsciente e a análise da transferência que tende a resolvê-lo. Nesse tipo de tratamento, são utilizadas para discussão prática, para ilustrar e apresentar os conflitos internos, coisas que acontecem no relacionamento entre o psicoterapeuta (psicanalista) e o paciente. Essa maneira de mostrar o que acontece com o seu mundo emocional, no momento da sessão, ao vivo e em cores, torna muito mais prática, muito mais viva a percepção que o paciente tem de si próprio. Origina o que chamamos de “insight”.
Essa palavra inglesa, cuja tradução poderia ser compreensão vivencial, está na base, na origem de toda mudança mais ou menos persistente de comportamento. Um insight é uma vivência de compreensão especial, uma “sacada”, uma entrada na realidade psicológica própria, que estava mais ou menos escondida, da qual não se conhecia detalhes.
Decorre de uma interpretação diferente de determinada realidade a que estávamos acostumados. Em Psicanálise, chamamos de “interpretação” a uma comunicação feita pelo analista a uma pessoa, procurando fazê-la aceder a um sentido latente, um sentido que não está aparente, está escondido, mas que existe nas entrelinhas de suas palavras e também em seus comportamentos.
Entre muitos exemplos que poderiam ser dados, vou utilizar um para tentar descrever de forma muito simples, o que é um insight, mesmo correndo o risco de simplificar demais a questão. O que for insuficiente poderá depois ser preenchido com outros complementos.
Observe a seguinte seqüência de números:
08.032.009.830
Olhada desta forma, como lhe foi apresentada, a seqüência numérica não tem um significado especial, forma apenas um outro número, maior que qualquer um dos algarismos que o formaram: oito bilhões, trinta e dois milhões, nove mil, oitocentos e trinta.
Quando, porém, esse número é reordenado, de acordo com outro tipo de percepção, outro arranjo, adquire um sentido especial, que já existia no primeiro, porém não estava de todo consciente por quem pela primeira vez o observou:
08/03/2009 - 8:30
Imediatamente passamos a enxergá-lo de uma forma diferente. Pleno de significado, aquele número deixa de ser um número qualquer. Neste caso específico, passa a ser a representação de uma data e um horário. Para mim, então, esta data significa o dia, o mês, o ano e o horário em que estou escrevendo este trecho.
Isto é um insight. Se eu o estivesse vendo pela primeira vez, tendo uma nova compreensão do fato, da determinada estrutura que passou a adquirir um significado novo a partir da utilização de uma percepção diferente da que sempre foi por mim usada para sua compreensão, eu estaria tendo um insight.
O objetivo de toda análise psicológica é proporcionar insights sobre sentimentos, pensamentos e comportamentos corriqueiros. A partir desses insights a pessoa vai conseguir encontrar forças para mudar eventuais comportamentos patológicos ou determinados comportamentos que a estão incomodando, mesmo que não sejam sintomas de doença, e encontrar novas dimensões de seu existir.
Vai se modificar porque alguma coisa interna mudou, sua personalidade se enriqueceu, a ela foi acrescentada nova percepção sobre sua vida.
Observe que na definição de insight coloquei o adjetivo vivencial para frisar que não se trata apenas de uma compreensão racional, intelectual. Os insights mais interessantes e importantes vêm geralmente acompanhados por uma carga afetiva intensa, uma energia afetiva, emocional, que se libera naquele momento. A pessoa ri, chora, sente-se iluminada, extasiada ou qualquer outra forma de emoção. Não é uma compreensão “indiferente” como a que se tem quando, afinal, se compreende, lá longe na infância, por exemplo, que 2 X 2 = 4.
Essa compreensão vivencial, na psicoterapia, se dá com a presença de uma pessoa e por causa dela: geralmente o analista, apesar de não ser exclusivamente dentro de uma relação de análise que é possível se ter insights.
A psicanálise é um processo facilitador de insights, quando outras maneiras de consegui-los, no convívio com a arte, por exemplo, como já comentado em outro capítulo, estão parcialmente bloqueadas.
O ambiente onde é feita a psicoterapia, o consultório do analista, por ser mais simples, mais protegido, com menos coisas estimulantes, pode facilitar e muito a percepção do que se passa entre os dois. Sim, porque o insight na relação analítica, geralmente se refere a alguma coisa acontecida no relacionamento com o analista, que, no fundo, decorre de uma repetição de padrões de conduta do paciente com outras pessoas importantes da sua vida, o que se chama de "transferência" na teoria psicanalítica.
A compreensão dos motivos íntimos, mais verdadeiros, que estavam inconscientes e que explicam definitivamente seu comportamento, funciona como um núcleo gerador de mudanças no jeito de ver e, portanto, de estar no mundo. O insight do analisando vai contribuir para a reorganização de alguns aspectos da sua personalidade e para a dissolução progressiva dos sintomas que o estavam incomodando.
Vejam que estou falando, então, de uma ajuda psicológica através da convivência com outra pessoa.
Essa é a minha proposta inicial: reexaminar, retomar, explicar a ajuda, através da convivência com outra pessoa o que é completamente diferente do que se convencionou chamar de auto-ajuda que é uma forma inadequada de se adquirir conhecimento psicológico.
Inadequada por que?
Essa é uma outra história, que fica para outro texto.
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Artigo do Dr. José Roberto Campos de Oliveira.

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