Mal-entendidos
Tem gente que reclama a vida inteira de ter tido pais “muito severos”, repressores em excesso.
"Anos de análise são necessários para que reinventem esses pais, que os perdoem em suas limitações".
Como essa última frase que escrevi deverá ser entendida? Em outras palavras, como garantir que o que eu quis dizer vai ser entendido da forma como imaginei que deveria sê-lo?
Só grandes escritores têm o domínio dessa técnica. Brincam às vezes exatamente com a dubiedade de sentimentos que determinados textos podem provocar. Veja-se, por exemplo, Dom Casmurro de Machado de Assis, como o autor trabalha de forma genial com a ambivalência da linguagem que decorre da ambiguidade afetiva que existe dentro da gente.
Por isso considero este um bom exemplo do fato de que muitas vezes a gente quer falar sobre uma coisa e é possível que entendam outra.
Neste caso por exemplo, pode parecer que estou dizendo que o analisando ficou falando dos pais durante toda a análise, com o objetivo de entendê-los e pôde, por fim, reconstruí-los.
É claro que não foi assim, a reinvenção a que me referi surge como um ganho secundário da análise que o paciente fez sobre diversos outros temas de sua vida e que o levou a reformulações mais amplas, inclusive sobre os pais. Na verdade, o analisando, qualquer analisando, efetua muitas outras reformulações sobre inúmeros outros aspectos e pessoas da sua vida e é exatamente por isso que a análise é um processo demorado.
Considero que mal-entendidos que podem se originar de processos semelhantes a esse que descrevi, fazem parte dos fatores que dificultam as pessoas a procurar ajuda psicológica.
Através de algum processo psicoterapêutico é possível conhecer melhor seus próprios desejos e articulá-los de forma mais adequada, efetuando mudanças em uma série de atitudes.
Isso pode ser conseguido de forma relativamente fácil e rápida, hoje em dia.
Artigo do Dr. José Roberto Campos de Oliveira.
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